| “A
Hospedeira” era a grande esperança
do estúdio Open Road Films de faturar alto.
O motivo é simples, o novo filme é baseado
num livro da escritora Stephenie Meyer,
que após a série “Crepúsculo”
passou a ser vista como um verdadeiro Midas. A história
aqui é quase a mesma, entram alienígenas
invasores de corpos e saem os vampiros. |
Temos inclusive
um triângulo amoroso (mais inusitado e esquisito do
que o de “Crepúsculo”).
Sinceramente não saberia dizer se “A
Hospedeira” é melhor ou pior do que
“Crepúsculo”.

Em alguns momentos
desperta mais nosso interesse, por mostrar uma nova realidade
futurística, ao mesmo tempo em que decepciona imensamente
em outros, por nos apresentar situações improváveis,
personagens apenas rascunhados em seu desenvolvimento, e
soluções idiotas. Então podemos dizer
que “A Hospedeira” é
melhor do que alguns episódios de “Crepúsculo”,
mas não todos. Acho que a vantagem aqui é
que o romance “mela-cueca”, típico da
autora, não é o centro dessa jornada, apenas
um elemento dela.
Outra vantagem
aqui é o diretor / roteirista Andrew Niccol;
e é claro, a protagonista indicada ao Oscar. Na trama
criada por Meyer e adaptada por Niccol,
a humanidade foi basicamente toda “infectada”
por seres extraterrestres. Essa também pode ser considerada
a versão adolescente romântica do clássico
“Vampiros de Almas”, adaptado
ao cinema diversas vezes. No clássico e aqui, seres
de outro planeta chegam na Terra, e invadem os corpos dos
humanos tomando seu lugar.

Assim uma nova
sociedade foi criada, aparentemente livre de crimes, ou
qualquer índole maligna. Pela primeira vez na história
humana, os seres desse planeta conseguem coexistir de forma
pacífica. Até aí, maravilha. Isso é
o que aconteceria a seguir, numa possível continuação
de “Vampiros de Almas”, com
os seres dominando quase 100% da Terra. O que acontece com
os humanos “contaminados” é um caso a
parte. Aí Meyer pega emprestado
de Stephen King (que já se declarou
negativamente sobre a autora), e sua obra “O
Apanhador de Sonhos” (um filme mal sucedido).
Quem já
assistiu ao filme de 2003 (os poucos) lembra que um dos
personagens era dominado por um alien, mas seu consciente
continuava funcionando, e lutando pelo controle de sua mente.
O mesmo acontece aqui com quem é “infectado”
pelas criaturas de outro planeta. Como a protagonista vivida
por Saoirse Ronan, conhecida em sua versão
humana como Melanie e na versão alien como Peregrina
(Wanderer / Wanda). O filme ganha pontos por realizar de
forma satisfatória a narrativa que no livro sem dúvidas
é muito mais fácil, onde a mesma pessoa discute
com ela mesma dentro de sua mente.

Por incrível
que pareça tal façanha rende alguns momentos
engraçados, voluntariamente ou não. “A
Hospedeira” é formado de momentos
estranhos, diálogos esquisitos, e isso tudo acaba
sendo um atrativo inconsciente para o filme. É justamente
quando tenta funcionar como algo planejado, como um filme,
que a coisa desanda. Como dito, temos o inevitável
triângulo amoroso, entre a protagonista, o sujeito
que gostava dela quando era humana (Max Irons,
filho de Jeremy Irons) e o sujeito que
criou afeição pela criatura alienígena
invasora de corpos (é sério!!), vivido por
Jake Abel.
Existem sobreviventes
que resistem ao domínio dos aliens, quando aparentemente
essa sociedade utópica poderia ser a salvação
da Terra, mas quem ser possuído? Alguns personagens
são completamente mal desenvolvidos, como a vilã
de Diane Kruger, que só está
lá obviamente pela necessidade de uma antagonista.
Sua motivação e a explicação
ao final, não fazem sentido algum. Saoirse
Ronan é uma talentosa jovem atriz. Indicada
ao Oscar em 2008, ela serve como a protagonista aqui, sem
dúvidas de maneira muito mais eficiente do que a
insípida Kristen Stewart na série
anterior de Meyer.

Existe um potencial
ao menos aqui, e embora não tenha sido alcançado
pelo filme, é mais do que podemos dizer de “Crepúsculo”.
Parte disso se deve ao diretor e roteirista Andrew
Niccol, que no passado foi responsável por
obras como “Gattacca”, e pelo
roteiro de “O Show de Truman”,
mas que em 2011 entregou a ideia em potencial superior ao
filme “O Preço do Amanhã”
em si.
Seja como for,
“A Hospedeira” não atingiu
o esperado junto aos fãs, e assim como outra pretensa
série que aparentemente não engatou, “Dezesseis
Luas”, o significado talvez esteja no fato
de que as “órfãs” de “Crepúsculo”
são fiéis e ainda não terminaram de
chorar sobre seu corpo para elegerem um sucessor de sua
devoção.