03.05.2013 Georgenor de S. Franco Neto | |
| “Homem
de Ferro 3” chegou aos cinemas coberto
de expectativas por ser o primeiro após o filme
de “Os Vingadores”. Mesmo
não considerando “Os Vingadores”
o melhor filma da Marvel, é sem dúvida
a culminância de um projeto extremamente bem
sucedido. Esperava-se que a nova aparição
de Tony Stark indicasse os rumos da 2 fase desse Universo
tão bem construído aos longo dos filmes
individuais. |
Some-se uma campanha
que indicava que o filme “Homem de Ferro 3”
teria uma escala épica e com tom sombrio.
Mas, no meio
do caminho tinha um roteiro problemático! Vamos combinar,
os roteiros da Marvel – tanto os produzidos pela própria
quanto os por terceiros – em sua maioria, flutuam
entre o regular e o muito bom. Pensem em filmes com “Thor”
ou “O Quarteto Fantástico.”
Ainda não se produziu uma narrativa com a grandiosidade
de um Batman – Cavaleiro das Trevas.
Eles chegaram muito perto com os “X-Men 3
– O Confronto Final” e “X-Men
Primeira Classe”.

Os dois primeiros
filmes do Homem de Ferro tinham roteiros
muito bons, com o centro gravitacional em torno de Tony
Stark/Robert Downey Jr. Um certo “clichê”
vem se construindo nos filmes de super-heróis, no
qual o primeiro filme serve para apresentar a gênese
do herói, enquanto o segundo possui um vilão
de grande destaque. Assim, em “Homem de Ferro
1”, vimos o nascimento do herói. No
segundo, o vilão não era uma grande ameaça,
e mais uma vez a persona de Tony Stark foi o centro. Em
resumo, tínhamos um excelente estudo de personagem,
mas a ação pouco empolgava. Nada, que prejudicasse.
Ambos foram filmes deliciosos, que revejo com renovado prazer.
Infelizmente,
parte dos problemas do roteiro de “Homem de
Ferro 3” passa pela figura do seu protagonista.
Sem dúvida, é um filme divertidíssimo,
mas aquém do que poderia e deveria ser. O protagonismo
de Stark se é um deleite de atuação,
por outro lado, deixa perceptível a falta de profundidade
com que o roteiro tratou as demais personagens. Apesar de
ótimas atuações, muitas figuras, como
Pepper Potts e Maya Hansen, acabam servindo de escada para
as tiradas de Stark. Aliás, o humor do protagonista
está muito mal colocado. São piadas muito
boas, mas parecem forçadamente inseridas nos diálogos;
não são orgânicas como nos anteriores.
A crítica ao terrorismo internacional e a paranoia
entorno dele, ponto de destaque neste filme, igualmente
não alcança a profundidade que poderia.

Poderíamos
também falar dos muitos furos. Os planos dos vilões
são confusos, principalmente depois da virada do
Mandarim, que não se encaixa nem com o primeiro filme
(deixemos isso para depois). A relação deles
com o governo também não fica bem explicada.
E o final do filme é muito confuso, como se já
estivessem com o prazo estourado durante a edição.
Poderíamos deixar tudo isso de lado, uma vez que
o filme consegue ser muito divertido. O que realmente causa
incômodo é o Universo Marvel.
Esperava-se
que “Homem de Ferro 3” apontasse
o caminho a ser seguido até “Os Vingadores
2”. Nada! Nem com a cena pós-crédito
isso acontece. O filme parece deslocado do Universo. O único
efeito é no temperamento de Tony Stark, traumatizado
com os eventos de Nova York. Mais nada! Onde está
a SHIELD que, por muito menos, esteve presente no segundo
filme? Diante das cenas finais, como Tony Stark figurará
no próximo “Vingadores”?
James Rhodes até tenta justificar a ausência
da SHIELD falando do desejo do governo norte-americano de
demonstrar que seu exército ainda tem força.
Mas, o grande problema é a sensação
de conclusão. Ora, se o diretor fosse ainda Jon Favreau,
poderíamos até entender. Mas, Shane
Black, fresquinho no posto, era de imaginar que
ele iria deixar ganchos.

Contudo, o gancho
não é decisão do diretor, mas do estúdio.
Sim, os filmes da Marvel se tornaram coisa de estúdio,
como era na velha Hollywood. Mesmo que os diretores deixem
suas marcas, é a Marvel que dá o norte. E
impressiona como ela não fez de “Homem
de Ferro 3” um recomeço ao invés
de um epílogo!
Nota
sobre o Mandarim. Quem não quiser spoilers, vá
embora!

Não vou
falar exatamente o que é o Mandarim. Digo apenas
que, como fã dos quadrinhos, não gostei; do
ponto de vista do roteiro, adorei. Causa impacto. Além
do mais, Mandarim em seus dois momentos, de formas distintas,
é a única figura que consegue ombrear o brilho
de Tony Stark. Aliás, em sua segunda fase, a atuação
de Ben Kingsley ofusca Robert Downey
Jr.
MAS... o roteiro
pecou de novo! Parece que os roteiristas não aprenderam
com “Psicose”, de Hitchcock.
Para fazer uma virada dessas não basta coragem, tem
que se ter algo à altura para colocar no lugar. E,
por mais que se esmere, Guy Pearce e seu
Aldrich Killian, nunca será, jamais será uma
presença tão ameaçadora quanto Mandarim!
Há outros problemas, como a falta de ligação
com o primeiro filme e deixar os planos dos vilões
ainda mais confusos.