| Nos
últimos anos, o lado comercial tomou conta
de Hollywood: Filmes começaram a ser feitos
apenas para arrecadarem dinheiro, o que forçava
os estúdios a remover cenas fortes para baixar
a censura e não perder público.
O CGI
(computação gráfica) se
apossou dos estúdios, que começaram
a criar quase todas as cenas com chroma-key e efeitos
visuais, tornando algumas produções
visualmente sofríveis. |
O gênero
que mais perdeu com essa nova era foi o terror: o sangre
começou a ser criado em CGI e/ou cortado
das produções, para que a censura permitisse
menores desacompanhados irem aos cinemas, gerando mais lucro.

Foi o fim da
era gore, daqueles filmes extremamente violentos
e sangrentos, que deixaram muitos fãs órfãos.
'A Morte do Demônio' chega para quebrar
esse tabu: violento, sangrento, nojento, pesado. Uma verdadeira
homenagem ao filme original e aos clássicos do terror.
O roteiro toma
liberdades criativas e alterações gritantes
na trama original, para justificar os 50 mil galões
de sangue falso usados pelo diretor Fede Alvarez,
e criar um suspense maior para aqueles que assistiram ao
filme original. As alterações devem agradar
até mesmo os fãs, pois deixam a nova versão
muito mais violenta e sanguinária – porém,
mais visual e menos suspense.
Nos EUA, o filme
recebeu a alta classificação Rated
R, que significa que menores de 17 anos só
podem assistir ao filme acompanhados dos pais ou de algum
responsável. A censura é explicada: decapitações,
mutilação, linguagem chula, banho de sangue...
Tudo está ali.

Após
ficarem presos em uma afastada cabana, cinco amigos de 20
e poucos anos encontram o Livro dos Mortos, e sem saber
dos perigos presentes, conjuram demônios adormecidos
que vivem na floresta. Os demônios começam
a possuir jovem por jovem, deixando apenas um para lutar
pela sobrevivência.
O semi-desconhecido
diretor uruguaio Federico Alvarez conquista
o público ao preferir chocar a plateia, mesmo que
isso causasse uma demanda menor de público. É
um filme para pessoas fortes e apreciadoras do gênero
terror.
Alvarez
não quis usar efeitos em computação
gráfica no filme. Tudo é explicito, e extremamente
realista. Foram longos 70 dias de filmagens, com truques
de mágica e ilusionismo para deixar as cenas mais
próximas possíveis da realidade.

O elenco também
demonstra um grande talento, com destaque para a nova protagonista,
interpretada pela ótima Jane Levy (da
série 'Suburgatory'). Shiloh Fernandez ('A
Garota da Capa Vermelha'), Lou Taylor Pucci
('Vírus') e Jessica Lucas ('Cloverfield
– Monstro') também se destacam, deixando apenas
Elizabeth Blackmore (da série 'Legend
of the Seeker') como o elo fraco em termos de atuação.
No roteiro, podemos ver o dedo de Diablo Cody
('Juno', 'Garota Infernal'): falas irreverentes, uma protagonista
falha e viciada em cocaína e alguns momentos bastante
irônicos, porém não engraçados
(positivamente falando).
Os fãs
do original sentirão falta de algumas coisas, como
a risada diabólica da garota possuída durante
quase todo o filme, a interação dos jovens,
o balanço se movendo sozinho... mas as novidades
na trama consegue subverter a atenção para
as novas viradas do enredo – e não são
poucas.

'A
Morte do Demônio' chega para quebrar esse
paradigma contra os filmes de terror, fazendo sucesso nas
bilheterias norte-americanas (fez ótimos US$ 25,7
milhões em sua estreia) e agradando aos críticos
– que geralmente torcem o nariz para filmes do gênero.
E o melhor: é um filme chocante, que vai agradar
aos ávidos pelo verdadeiro gênero terror, além
dos fãs do clássico de Sam Raimi.